O maior hospital público da região terá uma nova gestão a partir de 2014. A decisão foi tomada na quinta-feira pelo reitor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Felipe Müller, mesmo sem a deliberação do Conselho Universitário. Isso porque manifestantes, contrários à adesão do Husm à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), invadiram a sala de reuniões no 9º andar do prédio da reitoria e impediram a votação. Em nota oficial à imprensa, o líder máximo da UFSM revelou a decisão:
_ Considerando que o contrato a ser firmado entre a UFSM e a Ebserh determina o atendimento exclusivo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ao tempo que assegura os campos de estágio e pesquisa para formação de profissionais da saúde, resolvi firmá-lo, sem a deliberação do Conselho Universitário, a bem do interesse público e do dever social que me cabe como dirigente máximo da UFSM.
Do lado de fora da sala, enquanto os conselheiros debatiam o novo modelo de gestão e os relatores emitiam os pareceres favoráveis e contrários, mais de 150 manifestantes fervorosos se espremiam no corredor e faziam barulho com tambores.
Por volta das 16h, quando Müller iria abrir a votação, um grupo de manifestantes entrou e impediu que a reunião prosseguisse. Após a ocupação da sala, a maioria dos conselheiros se retirou do local, e a decisão sobre a Ebserh foi tomada em outra sala, entre o reitor, alguns conselheiros e diretores do Husm.
O contrato deve ser assinado em Brasília, na próxima semana. Com a Ebserh, a promessa é de contratação de cerca de 900 servidores, além da manutenção de 170 profissionais que estão a perigo, devido a contratos considerados irregulares pelo Tribunal de Contas da União. Segundo a direção do Husm também devem ser abertos mais 30 leitos.
UFSM terá campus em Cachoeira do Sul
Antes do tumulto, foi aprovada, na reunião do conselho, a criação do novo campus da UFSM em Cachoeira do Sul. A unidade deve inaugurar em 2014, e a expectativa é que cinco cursos já sejam ofertados.
Sindicatos pretendem entrar na Justiça contra a decisão
Para o presidente da Sedufsm, Rondon de Castro, a decisão do reitor teria sido "antidemocrática". Nos próximos dias, o grupo contrário à Ebserh pretende entrar com uma ação judicial.
_ Foi uma covardia o que ele fez. A gestão dele vai terminar da pior maneira possível. O problema do Husm não vai ser resolvido de uma hora para outra. Essa decisão não precisaria sair agora, não é emergencial. Além disso, ocorreu uma manipulação do conselho _ disparou o presidente da Sedufsm.
Representante da Assufsm, Alcir Martins diz não ter se surpreendido com a decisão:
_ Essa decisão é lamentável. Isso não é democracia.
Na primeira vez em que essa pauta entrou em discussão, ainda em outubro, a reunião nem começou devido aos protestos dos sindicatos. Na segunda vez, no último dia 29, um dos conselheiros pediu vistas.
No parecer de vistas, o relator, Leonardo Botega, disse que a adesão à Ebserh poderia causar mudanças irreversíveis e, segundo ele, mais debates sobre o assunto deveriam ser feitos antes do contrato.
Conforme o vice-reitor da UFSM, Dalvan Reinert, as possibilidades de discussão se esgotaram, e a decisão foi tomada diante da impossibilidade de votação:
_ A questão foi decidida dentro do direito do administrador.